Por que eu parei com as minhas HQs

Buemba! Buemba!
Sim, venho através deste post declarar publicamente que desisti das minhas hqs. Por quê? Veja bem:

Em primeiro lugar…
Os anos vão passando, e felizmente fui evoluindo como profissional, adquirindo experiência, e ficando cada vez mais consciente do verdadeiro valor do meu trabalho. Não que eu não desse o devido valor a ele, mas acredito que a nossa vida profissional é constituída por fases.

No comecinho da carreira, infelizmente aceitamos trabalhar por qualquer merreca, por vários motivos: pra ter exposição, pra ter o que colocar no portfólio, porque não confiamos tanto assim no nosso taco, porque achamos que assim conseguiremos mais trabalhos, ou mesmo por vaidade. Muito bem! Pois saiba que essa é a melhor forma de desvalorizar o seu trabalho. Desse jeito você vai sim, pegar muitos trabalhos – do tipo “bucha” – onde o cliente vai querer arrancar o seu couro, fazer uma porção de exigências e ainda por cima vai te pagar mal. Na verdade, acho que todo mundo deve passar por isso algum dia. É bom, faz parte da evolução profissional. É dando cabeçada que se aprende. Todo ilustrador/ cartunista/ designer/ etc. já penou muito nessa vida, tenho certeza.

  

O problema dos quadrinhos é o seguinte (vou ser bem sincera): dá muito trabalho!!! No meu caso, às vezes chegava a trabalhar 4 meses em cima de uma hq. Meus clientes eram pessoas físicas, e eu necessitava da colaboração deles – com informações, fotos, aprovação – e nem sempre eles estavam disponíveis. Dessa forma, cada hq era um parto. Não que tenha sido ruim ou que eu me arrependa de alguma coisa. Sem dúvida foi fundamental no meu crescimento profissional.

Com relação aos preço$$$ – a cada hq que eu fazia, ia me dando conta do quanto era trabalhoso, e sentia a necessidade urgente de cobrar muito mais na próxima. Isso, hoje, pra mim, chegou num valor que pouquíssimas pessoas pagariam. E não vale a pena fazer por menos. Bato o pé. Não faço, não faço, não faço… lá lá lá… Prefiro ficar em casa assistindo tv do que trabalhar que nem uma condenada por um valor que mal paga as minhas contas! Isso não é vida... E um bom profissional tem que ter consciência do valor do seu trabalho. Ninguém vai te valorizar se você não fizer isso antes.
E tem outra. Esse lance de fazer precinho pra amigo… cai fora. Isso não existe. Ainda mais porque o amigo é aquele ser que vai se achar no direito de inventar um monte de firula e te encher os pacovás só porque é seu amigo. Esquece isso. Business is business, my friend.

E por fim… Olha, eu vou confessar uma coisa. Meu negócio é FINALIZAR. Eu não gosto de desenhar. É difícil pra mim, filha de ilustradora assumir uma coisa dessas. Num gosto não. Não tenho saco.

É por essas e outras que desisti dos quadrinhos. Cansei dessa vida… Foi uma fase muito rica, aprendi e evoluí muito com esse trabalho. Mas cheguei numa nova fase. Olha, não estou querendo desencorajar ninguém... Mas realmente não é o tipo de trabalho a que eu esteja disposta a me dedicar. Simplesmente encontrei maneiras mais fáceis de ganhar muito mais dinheiro. Se os quadrinhos fossem a minha paixão, jamais os deixaria. Mas não são.

Assim sendo… fui!